terça-feira, junho 05, 2007

Porto e Poesia

Janto tranquilamente num pequeno restaurante onde gosto de ir quando estou no Porto.
Subitamente, dou-me conta das vozes que efluem da sala no piso superior. Reparo, em vez do bruáá típico dos lugares públicos, numa voz masculina, cadenciada, aconchegante. As palavras chegam, distantes e claras, aos meus ouvidos.
Escuto com os sentidos divididos entre o que adivinho e a excelente refeição que me trouxe aqui.
Depois, aplausos. Novamente outra voz se faz ouvir, desta vez com o sotaque mais pronunciado, mas igualmente clara. Já não tenho dúvidas. Sou pendura numa sessão de poesia!
E a sessão prolonga-se pelo jantar e noite fora. As palavras embalam-me, relegando o Mário Crespo no seu quadradinho mágico para uma dimensão distante que rápidamente se evapora, temperando o meu repasto e suavizando a minha solidão.
Não sei quem fala, quem vai falar, quem são os convivas. Nem se quer lhes vi as caras. Para mim, são só vozes.
Sei simplesmente que no encanto do Porto, jantar e poesia combinam.

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