sexta-feira, setembro 14, 2018

Voltei. Voltei?

Quase três anos sem uma única publicação.
Preguiça, outras prioridades, Facebook....
Sim, Facebook. De alguma forma ficou mais fácil aproveitar as inúmeras visitas diárias para lá fazer publicações.
Originais? Nah!... partilhadas de outras pessoas e fontes, como quem baralha e torna a dar um baralho de imagens, videos, músicas, frases, pensamentos e "charges", uma salada russa de coisas que me pareceram interessantes de partilhar. Afinal, "nada se cria, tudo se copia".
Mesmo assim, ainda consegui publicar algumas coisas minhas, no meio de tantas partilhas.
E este blog cá ficou. Adormecido, como repositório de memórias de outros tempos.
Tempos esses que mudam! O "Face", estrela do firmamento das redes sociais, está cada vez mais decadente. As minhas visitas são cada vez mais raras, e cada uma me retira um pouco da vontade de lá regressar.
Ofuscado pelos Instagram's da vida, o Facebook é um excelente exemplo de como o ótimo pode matar rapidamente o bom. Tantas "melhorias" nos últimos tempos conseguiram finalmente transformar o cachorrinho alegre e saltitante num vira-lata obeso e pulguento...
Por isso, e antes que o FaceBook siga os passos do Orkut, resolvi recuperar alguns dos meus escritos e colocá-los aqui. Aqui, de onde nunca deveriam ter saído.
Começarei re-publicando algumas coisas que ainda estão no face, mesclando com coisas recentes e originais, se a tanto me ajudar a minha leda musa...

Sapato Não....

A Van parou na saída de Trancoso. 
Sou arrancado das minhas divagações, curioso da razão da paragem. Afinal apenas um casal de idosos que chegara ao seu destino. 
Enquanto espero, olho pela janela. 
Repentinamente a minha atenção centra-se num jovem imberbe sentado num tronco de árvore à beira da estrada. De uniforme escolar e perna traçada, luta com o cardaço de um dos seus ténis azuis imaculados, combinando com o uniforme impecavelmente limpo. 
Simultaneamente, a mão livre tenta extrair algo da sua mochila lotada, também azul.
Após longos segundos, eis que o cobiçado prêmio sai da mochila. Um par de havaianas, surradas e com ar de já terem percorrido muitas milhas.
Rapidamente o jovem enfiou os pés nelas, com um ar de infinito alívio.
Não pude deixar de pensar numa cena da novela "Gabriela Cravo e Canela" do saudoso Jorge Amado, onde a protagonista dizia:
- "Sapato, não, seu Nacib!"...