quinta-feira, setembro 21, 2006

Telemóveis às dúzias...

Ontem recebi uma mensagem duma amiga minha. Entre outras coisas, fiquei a saber que ela tem outro telemóvel.
Não estou a falar de outro aparelho, uma vez que hoje em dia os telemóveis são tão descartáveis como as pilhas ou os copos de plástico. E se estás convencido que compraste o último grito da tecnologia, esquece! Já saiu um modelo mais leve, mais bonito, mais fino, com mais memória, mais resolução, mais, mais, mais!!! A única certeza com que ficas é que se tivesses esperado mais uma semana tinhas feito melhor negócio.
De volta à minha amiga, fiquei abismado!
Ela, que aqui há alguns anos fugia dos telemóveis como o Diabo da Cruz, com imensas reticências arranjou um. Tratava-o como se fosse um bicho nojento. Quantas vezes ficou o animalzinho inanimado, após longos minutos de pios aflitos, a pedir um carregador para a esgotada bateria…
Depois, lentamente, passaram a olhar-se com desconfiança mútua. Era a fase do “Detesto-te, mas às vezes dás jeito…” Já os carregamentos da bateria aconteciam com muito mais frequência, antes até de qualquer pedido.
Daí para a frente foi o descalabro. Dependência total. Só não ia para o banho com ela, porque não era à prova de água. Mas ficava sentado na borda da banheira a privar com a nudez daqueles momentos privados.
Uma vez, até o seu toque polifónico interrompeu um momento de paixão ardente, e quase provocou a rotura com o namorado porque este insinuou que seria bom desligá-lo de vez em quanto.
E quando o monstrinho se avariou e esteve a arranjar duas semanas?
Ela andava louca! Parecia um dependente químico sem a dose diária de droga… Foi uma TPM de quinze dias, que só acabou quando finalmente o foi levantar aos serviços técnicos.
E agora, Zás! Outro telemóvel! Doutra rede, claro.
Já nada falta para a vermos com os dois dependurados um em cada orelha, como se fosse um par de brincos Hi-Tech.
E o próximo? Da rede que falta? Deve ser o pingente para completar o conjunto. Ainda bem que só temos 3 redes móveis em Portugal…

Razão, tinha o meu Avô alentejano, que da primeira vez que me viu aparecer com um desses brinquedos, na altura ainda mais parecidos com um tijolo que outra coisa, me disse do alto da sua infinita sabedoria:
“- Arranjaste uma coisa dessas?! Nunca mais vais ter sossego!”

1 comentário:

Alice disse...

Gostei desta tua ficção, sim senhor.
Vá-se lá saber onde vão as pessoas arranjar inspiração!
Eu agora é mais M-H Leiria...